quarta-feira, 27 de maio de 2015

Uma visão Espiritualista da brincadeira do "Charlie Charlie".

Parece que de tempos em tempos temos uma nova "brincadeira" de invocação (chamar) de um espírito pra responder a perguntas ou desvendar "mistérios" trazidos pela curiosidade humana sobre o "desconhecido" ou invisível.

Me lembro que quando era criança a brincadeira do momento era a do Copo, mais tarde do Tabuleiro (existiam alguns até vendidos para este fim) e hoje a moda é chamar o "Charlie" para responder as suas perguntas.

A princípio se trata de uma brincadeira despretensiosa e absolutamente inocente, e assim o é em sua maioria, porém existem alguns aspectos a serem levados em conta e pessoas que buscam o entendimento espiritual e procuram conhecer um pouco mais sobre o mundo invisível podem esclarecer um pouco mais sobre o fenômeno e aconselhar que não se faça tal ritual, uma vez que se mexe com algo que se desconhece e isso pode, no mínimo, dar um belo de um susto.

ADENDO: Dias após eu escrever sobre o tema veio a público que a brincadeira do Charlie é um vídeo Viral para promover o filme "A Forca" e foi criada no intuito de divulgar o longa metragem. Isso não invalida o meu ponto de vista aqui descrito.

A "brincadeira" consiste no seguinte: Se chama pelo Charlie e depois pergunte se ele pode brincar:

- Charlie, Charlie, are you here? (Charlie, Charlie, você está aqui?)
- Charlie, Charlie, can you play? (Charlei, Charlie, pode brincar?)

Depois disso as canetas em forma de cruz devem se mexer em direção ao Não ou Sim (Yes ou No).

Se a pessoa não se assustar, e caso dê certo, ela pode manter uma conversa com códigos binários (Sim ou Não) enquanto a conexão mediúnica durar. Abaixo um exemplo.


Agora vamos aos bastidores de tudo isso sob uma ótica espiritualista. Sabemos que o Plano Físico é apenas um  dos planos de manifestação do espírito e que além dele temos outros planos espirituais  que coexistem e interagem com este plano, portanto poderíamos dizer que a morte nada mais é do que a passagem deste plano para outro, mas nossa capacidade física só nos permite ver o plano em que habitamos no momento (pelo menos para a maioria da humanidade).

Se assim o é estamos em constante interação entre Plano Físico e Plano Espiritual e a comunicação ou interferência do segundo para o primeiro se dá através de uma faculdade parapsíquica conhecida como MEDIUNIDADE, ou seja, a capacidade de servir de meio ou veículo para manifestar o que está no Plano Espiritual e trazer para o Físico. Esta capacidade é tão antiga quanto a humanidade e é muito estudada e difundida principalmente no Espiritismo.

O primeiro estudioso profundo acerca deste fenômeno foi Alan Kardec, e em uma de suas perguntas no Livro dos Espíritos traz o seguinte:

Pergunta 459. Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?
      — Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque  muito freqüentemente são eles que vos dirigem.
Pois bem, percebemos que tal influência ocorre a todo instante e que não é possível se dissociar o mundo dos Espíritos do Mundo Físico, até porque o que difere um do outro é que o primeiro está desencarnado, ao passo que o segundo está encarnado e vivenciando esta realidade.

Este intercâmbio é muito comum e apenas uma pequena parte da população acredita e entende a Mediunidade, da mesma forma que pouquíssimos possuem qualquer informação acerca da realidade espiritual, o que causa medo e curiosidade e o tal "Charlie" traz essa interação de forma muito simples.

O fato é que se uma das pessoas que estiverem realizando o ritual possuir Mediunidade de forma mais ostensiva é muito provável que se estabeleça tal conexão, já que mentalmente ela está chamando por um espírito, ou seja, ela está iniciando um contato mediúnico com algo absolutamente desconhecido e sem qualquer preparo para lidar com aquilo apenas para satisfazer sua curiosidade e mostrar que a tal brincadeira funciona. Além disso a própria pessoa pode mover o objeto através da Telecinesia, que nada mais é do que a capacidade da pessoa mover objetos com a mente sem toca-los, amplamente estudado pela parapsicologia. Para este texto vamos nos ater ao lado espiritual da coisa.

Alguns riscos podem surgir a partir desta situação e vale ser extremista neste sentido. A invocação de um espirito o aproxima do Médium que o chamou. Se através deste Médium ele achar ressonância (semelhança) para haver a troca energética que ele busca o mesmo pode o acompanhar e começar um caso obsessivo (assédio espiritual). Muitas vezes um espírito que encontra essa brecha ao perceber que pode agir através do Médium sem que ele tenha consciência encontra terreno favorável para atuar novamente no mundo físico e tal situação pode criar uma dependência dele com o Médium o levando a se alimentar dos prazeres e necessidades que ele tinha enquanto encarnado e que não encontra mais em seu estado atual. Isso é muito mais comum do que se imagina e as reuniões de trabalho espiritual que participo cortam a torto e a direito laços energéticos que foram construídos a partir da relação de encarnados e desencarnados que reconhecem no outro as suas necessidades e vícios comuns.

Vou relatar uma história que vivi quando ainda tinha 15 para 16 anos de idade. Uma irmã de um amigo, na época com 11 anos mais ou menos, começou a conversar comigo e com meu amigo sobre assuntos "do outro mundo". Na época eu era Espirita e tinha muito contato com a literatura desta religião, embora ainda não exercesse o trabalho mediúnico como faço hoje. Coincidentemente eu havia acabado de ler um livro Espírita sobre a Brincadeira do Copo. Acabamos entrando no assunto e a menina me disse que tinha um tabuleiro com quem ela conversava praticamente TODOS os dias, perguntando sobre suas dúvidas, incertezas, destinos e etc, da forma mais inocente possível. Naquele momento eu narrei algumas histórias que estavam no livro e intuitivamente acabei trazendo a tona algumas questões que ela colocava para o tal "tabuleiro", até que uma delas havia me intrigado: Ela havia perguntado se deveria largar os estudos para ser modelo e o tabuleiro havia respondido que SIM.

Conversei com ela quase que por uma noite toda esclarecendo, a meu jeito, tudo o que sabia sobre a parte espiritual. Duas semanas depois a encontrei e ela havia me dito que tinha jogado fora o Tabuleiro, pois ela percebeu que ele só respondia aquilo que a satisfazia e que ela havia se dado mal mais de uma vez por seguir o que "ele" havia dito.

Acho que cabe o exemplo do porque não é saudável praticar tal tipo de ritual, uma vez que muitos dos que vejo por aí são jovens e sem maturidade alguma para lidar com tais questões, caso elas deem errado. Além disso, um trabalhador de luz e um Mentor ou Amparador Espiritual não se dará o trabalho de utilizar da energia gasta para este tipo de evento pra apenas mover uma caneta ou responder SIM e NÃO ao bel prazer de quem participa da brincadeira, na realidade nenhum amigo espiritual vai te dizer o que fazer, pois ele sabe que suas conquistas devem ser realizadas por mérito próprio e que a passagem na Terra é somente mais uma oportunidade de vivenciar e aprender com as experiências que passamos.

Espero que este texto ajude a esclarece alguns aspectos. Não fiz questão de entrar em termos técnicos e bastidores de todas as situações, pois o intuito e que seja repassado para as pessoas e que as mesmas se informem a respeito.

Amém!

Saravá!

Namastê!

Aloha!