Ontem pela primeira vez aderi a uma ação de caridade que já é desenvolvida há quase 20 anos por uma amiga e por 4 anos por um primo.
Combinamos de no dia de Natal fazermos lanches e doarmos aos moradores de rua. Na realidade isso não é novidade para muitos, mas era para mim.
Confesso que como um Paulista sempre em alerta relutei internamente, pois em SP pouco se faz de janelas abertas no carro, mas como o princípio era muito maior do que o medo de ser assaltado vamos a luta e tentar plantar uma semente de alegria no coração de quem precisa.
Começamos os preparativos por volta das 17:00 do dia 23/12, fizemos 62 lanches e juntamos roupas de uma série de pessoas para doar junto dos lanches, esta era a parte inédita do plano que estava se colocando em prática.
Algumas preces e vibrações antes de ir e de peito aberto nos colcamos nas ruas. Saímos eu, um primo e minha esposa. Rodamos algumas regiões que sabiamos ter maior concentração de pessoas. Confesso que eu estava apreensivo, pois não sabia o que esperar.
Logo em um dos primeiros faróis vimos um rapaz com suas coisas amontoadas no canto e encostamos o carro para oferecer o primeiro lanche do dia. Fiquei meio sem saber o que fazer, então meu primo foi até ele, ofereceu o lanche e disse que tinhamos algumas roupas no carro para doar e que poderíamos doar para os outros que estavam com ele.
O rapaz veio com um grande sorriso dizendo: " Falei que o Papai Noel neste ano seria grande!". Caimos na risada e quebramos o gelo. Dali em diante foi muito interessante. Pude aprender um pouco mais sobre se doar de coração, para eles o lanche e as roupas eram de muito uso, para nós era somente um pretexto para sentirmos alegria ao ajudar o outro.
Ao fazermos isso percebemos que uma série de coisas podem ser reavaliadas. Existem muitas pessoas à margem da sociedade, que necessitam de ajuda, que precisam de mais carinho, amor e alegria. São pessoas como nós e dotados de alguns sentimentos muito interessantes que nós muitas vezes deixamos de nutrir.
Em um dos momentos cheguei em um grupo com 6 ou 7 moradores de rua, dei os lanches e roupas para todos, quando estava me voltando para o carro um deles me chamou e perguntou se teria uma calça um número menor, fui ao carro e peguei. Não iria pedir a calça que ele tinha nas mãos de volta por educação, mas ele mesmo se voltou e falou: "Obrigado, mas fique com esta calça maior e dê a alguém que possa usa-la!".
Bem, foi um ato "comum", mas considerando que ele tinha talvez somente a roupa do corpo e vivia sem um teto podemos dizer que ter 2 calças seria o dobro do que ele teria em bens, mas ao invés disso ele deu uma lição de como todos deveríamos pensar. Talvez este seja o real sentido de fraternidade. Entender que somos um conjunto de irmãos e irmãs que ao respeitarmos cada um como seu igual não precisamos ter nada além do que o necessário para cada um.
O interessante é que este não foi o único ato, na verdade muitas vezes paravamos e perguntavamos quantas pessoas tinham juntas e eles sempre pediam somente o necessário para cada um dos que estavam consigo. É uma Lei na rua que deveria ser respeitada por aqueles que vivem "fora" dela. Viver com o necessário e com honestidade ao precisar de algo.
Encontramos alguns muito perturbados e nestes casos apenas entregavamos os lanches, em outros momentos também tinhamos pequenos dialogos que nos mostravam a realidade de cada um, alguns já tiveram suas casas, outros sempre estiveram nas ruas, enfim, são muitas histórias e não sabemos dizer qual a necessidade de cada um, mas devemos respeitar e entender o degrau e o passo de cada um.
No final das contas a moral da história é que esta situação foi uma "inversão" de valores, pois achavamos que iriamos ajudar com o lanche, mas na realidade fomos ajudados com os atos, histórias e jeito de ver alguns pontos da vida.
Existe um submundo por aí, quer a gente queira, quer não. Todos podemos fazer um pouco para que esta realidade mude.
Um Feliz Natal a todos e em especial a estes irmãos que vivem nas ruas!
Amém!
Aloha!
Namastê!
Saravá!
Realmente vc tem razão Rafael, a ideia ajudar o outro e quem mais sai ajudado é a gente mesmo.
ResponderExcluirFiz algumas coisas semelhantes ha tempos atras e sei desta sensação. Agora peço a voces, que na proxima vez, lembrem de mim e me deem esta oportunidade , quero estar junto com voces nesta doação e neste aprendizado. Obrigada. MAGDA
Com certeza te chamarei Magda... a idéia é fazermos todo ultimo domingo do mês!! Serão várias as oportunidades! Obrigado!!!!!!
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